Categorias Ver Todas >

Audiolivros Ver Todos >

E-books Ver Todos >

Coisas que o povo diz

Coisas que o povo diz

Sinopse

O povo diz cada coisa! Irreverente, brincalhão, criativo, observador, dizem que sua voz é a voz de Deus. Pode ser. Se não for, é pelo menos a voz da experiência, expressa em frases tão sintéticas e sugestivas que atravessam os séculos. E como! A própria expressão "voz do povo, voz de Deus" é um exemplo de perenidade, viva e palpitante desde a Roma dos Césares, há mais de dois mil anos, como mostra Luís da Câmara Cascudo em "Coisas que o povo diz". O livro estuda sessenta motivos de cultura popular de nosso país, hábitos, costumes, frases correntes no dia a dia do brasileiro, expressando a velha e astuta sabedoria do povo, nascida da observação do cotidiano e que assumem, com o tempo, um sabor tão pitoresco. Muitas vezes são recomendações práticas de cautela. Assim, a frase "macaco velho não mete a mão em cumbuca", comum entre os índios Tupi a respeito da qual se conta que, desejando se pegar um macaco jovem, basta colocar uma banana dentro de uma cumbuca. O animal não abre a mão, ficando prisioneiro de sua própria gula. Mestre Cascudo mostra que a origem da história vem de muito mais longe, no tempo e no espaço, registrada em Roma, na China, na Índia. Outra expressão de cautela é a frase "não meter a mão no fogo" por alguém. Ou seja, não se responsabilizar pela inocência alheia. Nasceu na Idade Média, na prova do ferro caldo, quando o acusado que alegava inocência pegava uma barra de ferro aquecida (com a mão protegida com estopa) e andava com ela alguns metros. Se a mão saísse ilesa, estava provada a sua inocência. Caso contrário... Há também o registro de crenças magicas, impossíveis de se provar, mas muito populares, como a de que o arrepio seria aviso de morte e de que não se deve acender três cigarros com o mesmo fósforo. E tantas outras coisas mais que o povo afirma e que Cascudo analisa e interpreta, num longo e gratificante passeio pelas ideias, crenças e superstições populares.

Autor

Um dos mais respeitados pesquisadores do folclore e da etnografia no Brasil, Luís da Câmara Cascudo viveu quase toda sua vida no Rio Grande do Norte. Lia muito, recebia visitas, escrevia demais. Em suas viagens fazia amigos e ouvia histórias. Trocava muita correspondência. Por ser um homem muito querido, recebia – por escrito ou ao pé do ouvido – muitas informações sobre "causos" que embalaram o sono e assustaram gerações e gerações. Professor Cascudo, como historiador que era, também pesquisou os caminhos trilhados pelo homem e seu legado nos deixou as mais preciosas informações sobre a cultura brasileira. Em 1954, lançou a sua obra mais importante como folclorista, o Dicionário do Folclore Brasileiro, obra de referência no mundo inteiro. No campo da etnografia, publicou vários livros importantes como Rede de Dormir, em 1959, e História da Alimentação no Brasil, em 1967. Publicou depois, entre outros, Geografia dos Mitos Brasileiros, com o qual recebeu o prêmio João Ribeiro da Academia Brasileira de Letras. O pesquisador trabalhou até seus últimos anos e foi agraciado com dezenas de honrarias e prêmios. Morreu aos 87 anos.