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Melhores poemas Augusto dos Anjos

Melhores poemas Augusto dos Anjos

Sinopse

A publicação do livro Eu, em 1912, causou estranheza e uma certa repugnância entre os raros críticos que se dispuseram a ler o volume. Leitor do naturalista e fisiologista Darwin, o homem da teoria das espécies, e do biólogo Haeckel, teórico do transformismo, Augusto dos Anjos apresentava ao leitor, sem qualquer cerimônia, em versos contundentes e incômodos, por vezes irados, ideias, conceitos e o vocabulário específico das especialidades desses cientistas, ordenados sob a visão pessimista do filósofo Schopenhauer. Sem compreender muito bem o que lia, o leitor se deparava com termos como monera, citula, zoófito, e expressões insólitas. O mais chocante, porém, era o gosto do autor pelos aspectos repugnantes da vida, no plano físico e moral. Desde o primeiro poema do livro, "Monólogo de uma Sombra", o autor esclarecia que "a podridão me serve de Evangelho.../ Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques". Por trás dos versos ásperos, da linguagem um tanto pedantesca, da tristeza dilacerante e incômoda do poeta, havia no entanto uma visão original da vida. Comovido e perplexo diante do espetáculo imenso do cosmo, em contraste com a realidade mesquinha do cotidiano, o poeta estende a sua fraternidade a tudo o que existe: a meretriz, o tamarindo, o cão, o bêbado, o tuberculoso. Apesar de se tratar de uma poesia "difícil", o Eu é um dos livros de versos mais lidos da literatura brasileira, com dezenas de edições, fascinando e desafiando cada nova geração de leitores. E assim deve continuar por muito tempo, enquanto o homem for capaz de se inquietar com o mistério da vida. Como observa José Paulo Paes no prefácio Melhores Poemas Augusto dos Anjos, o livro "ontem como hoje, hoje como amanhã, não poderá deixar de surpreender a quantos se debrucem sobre a estranha poesia de Augusto dos Anjos".

Autor

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau dArco, Paraíba, no dia 20 de abril de 1884. De uma família de proprietários de engenhos, assiste, nos primeiros anos do século XX, à decadência da antiga estrutura latifundiária, substituída pelas grandes usinas. Em 1903, matricula-se na Faculdade de Direito do Recife, formando-se em 1907. Ali teve contato com o trabalho A Poesia Científica, do professor Martins Junior. Formado em direito, não advogou. Muda-se para o Rio de Janeiro e dedica-se ao magistério. Lecionou geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor. Seu único livro, Eu, foi publicado em 1912. Surgido em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativo do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasianista por alguns aspectos e simbolista por outros. Praticamente ignorado a princípio, quer pelo público, quer pela crítica, esse livro, que canta a degenerescência da carne e os limites do humano, só alcançou novas edições graças ao empenho de Órris Soares (1884-1964), seu amigo e biógrafo. Vitimado pela pneumonia aos 30 anos de idade, morreu em Leopoldina em 12 de novembro de 1914. Alguns de seus poemas encontram-se em Melhores Poemas Augusto dos Anjos, com seleção e prefácio de José Paulo Paes, e em Roteiro da Poesia Brasileira – Pré- Modernismo, com seleção e prefácio de Alexei Bueno. Ambos publicados pela Global Editora.