Categorias Ver Todas >

Audiolivros Ver Todos >

E-books Ver Todos >

O mau humor de chuteiras

O mau humor de chuteiras

Sinopse

O problema não é que, neste livro, Marcelo Dunlop tenha reunido várias frases que eu gostaria de ter dito. O que eu queria era ter feito este livro! Ruy Castro _______ O poeta Fernando Pessoa dizia que o sujeito de bom senso é ateu ao sol do meio-dia, mas acredita em todos os deuses e espíritos quando cai a noite profunda. Tenho uma inveja danada dessa frase, porque gostaria de ter dito algo parecido, mas em referência ao futebol. Quando o árbitro trila o apito e a partida começa, é hora do mais materialista dos humanos crer em mistérios insondáveis e escritos nas estrelas desde que os primeiros registros da prática de algo parecido com o futebol entre nós surgiram, conforme demonstram algumas pinturas rupestres na Serra da Capivara. A inveja que sinto da máxima do poeta português se transformou em angústia profunda ao ler esse compilado de frases sobre o futebol garimpadas pelo Marcelo Dunlop. Eu queria ter escrito todas elas, sem exceção. Algumas, cheias de efeito, são venenosas como uma folha seca do Didi. Outras tantas têm a pureza sacana da primeira punheta de menino ou de um desenho do Carlos Zéfiro. Diversas possuem autorias reconhecidas, carimbadas em cartório. Aqui ou ali pinta na área um autor anônimo (ando desconfiado que o próprio Dunlop meteu umas sentenças no babado). Noves fora as boas invejas, sei apenas que esse livro é pedra noventa, bola sete na caçapa do meio, goiabada cascão em caixa, mergulho nas águas de um futebol que se recusa a ser o jogo asséptico e marqueteiro em que alguns insistem em transformá-lo. Nas páginas que seguem temos mais estádios e menos arenas, mais jogadores, treinadores e torcedores do que celebridades de ocasião, influenciadores, professores e clientes de um produto mequetrefe. Por fim, uma dica: não saiam de casa sem levar o livro na bolsa. É para ler e reler no metrô, no trem, no intervalo de aula, na pausa para o cafezinho, no descanso de quem se encosta solitário no balcão do botequim, depois de um dia de perrengue, para a sacrossanta cerveja do fim de tarde, naquele clima de paz na terra aos torcedores e torcedoras de boa vontade. Luiz Antonio Simas