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O tesouro da casa velha

O tesouro da casa velha

Sinopse

Poeta em tempo integral, ou pelo menos de sensibilidade sempre aberta a vida, Cora Coralina escreveu também em boa prosa, como se comprova em "O Tesouro da Casa Velha". Livro da velhice, redigido lá pelos 90 e tantos anos, foi um dos últimos trabalhos da autora, que nele se empenhou com lentidão, gosto e capricho, apesar da idade, preocupada não apenas com as peças em si, mas também com a unidade do volume. Na época, costumava brincar com seu médico, pedindo que a tratasse bem, a fim de ter tempo de terminar o livro. Não chegou a concluí-lo, a edição foi póstuma. Esse tesouro reune dezoito contos, vários deles baseados em reminiscências pessoais, provavelmente vividas pela autora ("As Cocadas", "Ideal de Moça", "Das Coisas Bem Guardadas e suas Consequências", "Candoca") e por pessoas de seu relacionamento, em histórias familiares ("O Tesouro da Casa Velha") ou fatos fisgados na tradição viva goiana ("O Corpo de Delito", "Medo", "As Capas do Diabo"). Como contista, Cora Coralina não difere muito da poeta, a não ser a mudança de instrumento, a poesia pela prosa. São trabalhos simples, com poder de comunicação com o leitor, sem complicações de enredo, narrados de forma direta, com as qualidades do contador oral, talvez por isso mais perto do conto popular que do literário, captando por vezes com muita graça certos aspectos maliciosos da psicologia do homem do interior. A propósito, leia-se o delicioso "Ze Sidrach e Dico Foggia". O mesmo estilo simples dos poemas, apesar do emprego de alguns arcaísmos (prebenda, gatafunho, baldrame etc.), que não chegam a ser pernósticos (faziam parte da linguagem usual da infância de Cora Coralina), dando ao texto um certo sabor exótico de passado, de material encontrado num cofre, de tesouro de casa velha, desafiando a curiosidade do leitor.

Autor

Cora Coralina é o pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto (1889-1985), que nasceu na cidade de Goiás, antiga Villa Boa de Goyaz, em 1889. Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu e foi criada às margens do rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do século XVIII, sendo uma das primeiras construções da antiga Vila Boa de Goiás. Aos 15 anos de idade, Ana, devido à repressão familiar, vira Cora, derivativo de coração. Coralina veio depois, como uma soma de sonoridade e tradução literária. Foi uma poetista e contista brasileira de prestígio, tornando-se um dos marcos da nossa literatura . A autora iniciou sua carreira literária aos 14 anos com o conto "Tragédia na Roça" publicado no "Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás". Casou-se com o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas e teve seis filhos. O casamento a afastou de Goiás por 45 anos. Ao voltar às suas origens, viúva, iniciou uma nova atividade, a de doceira. Além de fazer seus doces, nas horas vagas ou entre panelas e fogão, Aninha, como também era chamada, escreveu a maioria de seus versos. Publicou o seu primeiro livro aos 76 anos de idade e despontou na literatura brasileira como uma de suas maiores expressões na poesia moderna. Em 1982 – mesmo tendo estudado somente até o equivalente ao 2º ano do Ensino Fundamental – recebeu o título de doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás e o Prêmio Intelectual do Ano, sendo, então, a primeira mulher a receber o troféu Juca Pato. No ano seguinte foi reconhecida como Símbolo Brasileiro do Ano Internacional da Mulher Trabalhadora pela FAO. Morreu em Goiânia, aos 95 anos, em 1985.