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Veia bailarina

Veia bailarina

Sinopse

O título, tão sugestivo e poético, esconde uma ameaça terrível. Certa manhã, ao acordar, Ignácio de Loyola Brandão encaminha-se para a cozinha, quando o "corredor balançou como um navio". Sem se abalar, resolve conviver com o problema. Tonturas, quem não as tem? O autodiagnóstico indicava uma labirintite inocente. Para que se preocupar? Meses depois, o escritor encontra-se a caminho do centro cirúrgico de um hospital, para uma "cirurgia brutal", a trepanação. Ou seja, os médicos iam lhe abrir a cabeça. Era portador de um aneurisma cerebral (que os médicos chamam pelo dançante nome de veia bailarina), "uma granada dentro de minha cabeça, que podia explodir a qualquer momento". Por sorte, a granada fora diagnosticada a tempo. Se explodisse, ia deixá-lo inválido, um vegetal. Enquanto aguarda a operação, mais ou menos como o náufrago que está se afogando, o escritor dá um balanço em sua vida; a ameaça do aneurisma, a ansiedade se misturam a velhas perplexidades, revê situações, amigos, como num cineminha particular, reflete, indaga a si mesmo. Como observa Deonísio da Silva, "Veia Bailarina é um livro sobre a dor, o medo, as nossas perdas de cada dia, as do varejo, e aquelas acumuladas ao longo da vida, no atacado". Mas, em nenhum momento, felizmente, o escritor sucumbe à tentação de se lamuriar. A situação é inquietante, dramática, mas o tom é suave, bem-humorado, por vezes sarcástico. Após o êxito da operação e a recuperação, com o prazer de se constatar vivo e saudável, o escritor extrai de toda aquela amarga experiência uma lição elementar. Tinha de recomeçar. Viver a sua vida, com o que ela tem "de bom e ruim, com alegrias e inquietações, sofrimento e felicidade, encargos, chatices, encontros e desencontros". A redescoberta da vida.

Autor

Jornalista e escritor, Brandão publicou dezenas de livros, entre romances, contos, crônicas e viagens, além de ter participado de várias antologias. Nasceu em Araraquara (SP), em 31 de julho de 1936. Filho de um ferroviário, tornou-se crítico de cinema aos 16 anos, quando soube que crítico não pagava entrada em cinema. Assim enveredou pelo jornalismo. Em 1957, mudou-se para São Paulo e foi trabalhar no jornal Última Hora como repórter. Estreou com um livro de contos sobre a noite paulistana, Depois do Sol. Seu primeiro romance, Bebel que a Cidade Comeu, foi publicado em 1968. Em 1974, foi lançado na Itália o romance Zero, sua obra mais conhecida. Editado no Brasil no ano seguinte, o livro foi proibido em 1976 pelo Ministério da Justiça do governo Geisel. A obra só seria liberada em 1979. Em 1993, iniciou colaboração semanal no jornal O Estado de S.Paulo. Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma cerebral e registrou a experiência no livro Veia Bailarina, em 1997. Tendo como cenário a ditadura militar e o exílio, sua obra romanesca faz uma crítica amarga da sociedade brasileira, mas também fala de amor e solidão. Em julho de 2001, por ocasião de seu aniversário, foi homenageado pelo Instituto Moreira Salles, com a publicação de sua vida e obra no volume 11 da série Cadernos de Literatura Brasileira. Em suas crônicas, são frequentes as referências à infância em Araraquara, aos colegas de geração e ao cotidiano da cidade de São Paulo.