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As Cidades dos Sábios

As Cidades dos Sábios

Sinopse

Quem disse foi Machado de Assis, a respeito do seu Ressureição: "Não sei o que deva pensar deste livro; ignoro sobretudo o que pensará dele o leitor". E se cito Machado não é chiqueza, compreendam, não sou erudito (Deus me livre!). É que mal reuni os contos que iam neste curtíssimo volume, veio-me à cabeça a frase e não saiu mais. Mas se não sei o que pensar, sei o que falei. Neste livro estamos nós, leitor, em maior ou menor grau, nós brasileiros, está um pedacinho deste nosso tempo: vês aqui, então, alma, vida e desesperanças, despojos nada doces dos nossos males presentes. Aliás, também me ocorreu Sade: "Muitas das extravagâncias aqui ilustradas merecerão certamente o seu desagrado (...)". Mas não creio que chegue a tanto. Se minhas impressões estão corretas os inspirativos de alguns contos nem se notarão neles; mas se minhas impressões estiverem incorretas, mais que seu desagrado, merecerei, daí, o seu desprezo. Pior: para que se desagradem é preciso antes que achem este livro na barafunda editorial dos nossos dias; achem e disponham-se a lê-lo, coisa que o mais pretensioso dos autores, se tiver um pingo de vida vivida, pode simples e humildemente esperar que aconteça. Os que notarem-se a si mesmos aqui, como notou-se primeiro o autor, estão convidadas à catarse. Descrevendo no papel os fantasmas que o assombram, o autor quis purgar o que viu de mau em si mesmo e compreender melhor o que viu de mau em redor de si. Ajudando-os em coisa similar, considero-me pago, sejam vocês um, dois ou três. Se pelo menos alguns compatriotas ao cruzarem os portões do Paraíso creditarem méritos a este livrinho, talvez Deus, nosso Senhor, tenha de mim piedade; terei feito por alguém, neste vale de lágrimas, alguma coisa.