A revolução chegou de uma forma que o mercado e as sanguessugas do país não esperavam. Nem uma pedra fora lançada, nem uma única vitrine quebrada, sequer uma passeata foi vista. Apenas os boletos, de repente, ficaram em aberto. Da noite para o dia, silenciosa e misteriosamente, a população parou de pagar suas contas, e o sistema liberal mais cruel e individualista já implementado no Brasil começou a ruir. O Calote, como ficou conhecido o fenômeno, colocou as histórias de Marlene e Davi, unidos por laços familiares mas distantes nos afetos, em rota de colisão. Ele, representante da meritocracia e dos privilégios; ela, vítima da extorsão histórica que atingia a quase todos e, a partir de então, combatente das novas e inusitadas trincheiras da resistência. Com uma narrativa intensa e repleta de simbologia, Calote é um romance que joga luz sobre o individualismo, o consumismo e as relações humanas em uma sociedade doente e que tudo almeja transformar em lucro, sempre em detrimento dos menos favorecidos.