Fortaleza Velha é um livro que reúne 28 textos de João Franklin de Alencar Nogueira (1867-1947), muitos já publicados, em épocas e periódicos diferentes, entre os anos de 1921 a 1943. Não seguem uma organização cronológica quanto às datas de publicação ou aos temas apresentados. Tratam de diversos assuntos que têm como cenário a capital alencarina: velhos costumes como, por exemplo, os de realizar os enterros e as eleições no interior das igrejas, brincar o entrudo, os congos e reisados, pedir esmolas para o azeite do Santíssimo ou para a Festa do Bom Jesus (na então Porangaba) e de rezar o terço do Cruzeiro; a destruição iminente ou concluída (para o momento de sua escrita) de certos referenciais espaciais da cidade, como a antiga Catedral, os postes de iluminação com lampiões a base de óleo de peixe ou gás carbônico, o oitizeiro do Rosário e os sobrados e quiosques de madeira; bem como os antigos nomes de ruas, avenidas e praças, buscando em vários casos as suas origens. Um único título funciona, em muitas ocasiões, apenas como a ponta de um novelo de lã a partir do qual outros eventos correlatos vão sendo tecidos. Fortaleza Velha, de João Nogueira, cuja edição príncipe, póstuma, é de 1954. O mérito do trabalho de João Nogueira, portanto, reside na possibilidade que ele nos oferece de pensar não sobre o pretérito em si mesmo, mas sobre as formas de construção do conhecimento histórico e as representações que tecemos sobre o “ontem”, já que o passado é uma dimensão que não temos mais como recuperar na sua inteireza e complexidade.