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Kwaidan

Kwaidan

Sinopse

Irlandês de ascendência grega, imigrante nos Estados Unidos, repórter policial, amigo de assassinos e tradutor de Flaubert: eis Lafcadio Hearn, que teve sua vida temperada com doses iguais de errância e excentricidade, e passou seus últimos anos no Japão dos anos 1890, experiência que lhe rendeu esta antologia de contos recriados a partir das histórias contadas por Setsuko, sua companheira. Resultado do encanto do autor pelo desconhecido, Kwaidan fez de Hearn um dos maiores divulgadores da cultura japonesa no Ocidente. Entre seus admiradores figuram nomes canônicos da literatura fantástica como Jorge Luis Borges, e, ainda hoje, Kwaidan é leitura recomendada em diversas escolas do Japão, além de ter sido adaptado para o cinema. Com um título estranho ao nosso idioma — junção de dois kanjis em japonês que significam narrativa misteriosa ou fantasmagórica —, o livro põe em cena criaturas sem rosto que assombram um viajante desavisado, o espírito do inverno corporificado numa linda assassina de inocentes, fantasmas sem cabeça e demônios de toda espécie, alguns ilustrados no pôster que acompanha a edição. Ao absorver tais contos orais do período imperial japonês, Hearn não deixa de imiscuir a própria cultura às histórias, incluindo goblins comedores de gente e intromissões espirituosas na forma de comentários entre parênteses ou notas. Os elementos fantásticos e assombrosos se desdobram ainda na segunda parte do livro, dedicada exclusivamente ao mundo dos insetos. São relatos não ficcionais da presença de borboletas, formigas e mosquitos na cultura do Japão e da China. Neles, Hearn se presta a explicar tais pequenos seres sem deixar de ressaltar a estranheza e o fascínio que provocam. Trata-se, sem dúvida, de um ato de devoção à cultura nipônica, feito por um homem nascido no berço do Ocidente que, conforme escreveu em carta, desejava "poder reencarnar num pequeno bebê japonês". Agora em tradução inédita brasileira, a profusão de samurais, budas e espíritos poderá enfeitiçar a leitura daqueles que tiverem coragem de se aventurar por estas páginas.