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Melhores poemas Castro Alves

Melhores poemas Castro Alves

Sinopse

Castro Alves pertence a uma linhagem de poetas de que é impossível, ou pelo menos inconveniente, separar vida e obra. Palavra por palavra: sadio, sem nada da morbidez de seus colegas românticos, sensual, sempre apaixonado, libertário, defensor dos direitos da mulher, um tanto demagógico.Como bom romântico, o amor ocupa o primeiro lugar em sua obra, um amor obsessivo, carnal, quase pagão, purificado pela ardente sensibilidade do poeta que, de certa forma, reivindicava direitos iguais para o corpo e o espírito. O que levou um crítico a chamá-lo de precursor do amor livre.A outra grande vertente da obra castroalvina é a poesia social, na qual se incluem os poemas patrióticos. Sem ser o primeiro, Castro Alves foi a voz mais eloquente e forte na defesa da raça negra e de sua libertação do cativeiro. Quem nunca se emocionou com o Navio Negreiro? Mas nada disso teria importância não fosse o gênio do poeta. Falecido aos 24 anos, com apenas um livro publicado em vida (Espumas Flutuantes), Castro Alves deixou alguns dos mais belos poemas da língua, como "Sub Tegmine Fagi","A Hebreia" e "Boa Noite", de um inconfundível sabor brasileiro, pela expressão e "a maneira de ver e de sentir o ambiente e a vida brasileira", como observou Eugênio Gomes.Brasileira, um tanto barulhenta e retórica, como o seu temperamento, a poesia de Castro Alves tem momentos de um frescor matinal, como saída do limbo admiráveis modulações em surdina, de voz cochichada ao ouvido, e quadros soberbos da natureza tropical. Eça de Queirós, ao ouvir um amigo declamar: "Às vezes, quando o sol nas matas virgens/ a fogueira das tardes acendia", exclamou, arrebatado: "Aí está, em dois versos, toda a poesia dos trópicos".A poesia de Castro Alves caiu no gosto do povo. A praça é do povo como o céu é do condor, diz o orador popular, sem saber que repete um verso do poeta baiano.

Autor

Ao morrer, em 1871, aos 24 anos de idade, Antônio de Castro Alves tinha publicado apenas um livro, Espumas Flutuantes. Os Hinos do Equador, Gonzaga ou A Revolução de Minas, Os Escravos e A Cachoeira de Paulo Afonso, que completam sua obra poética, são publicações póstumas. Nascido na fazenda Cabeceiras, perto de Curralinho (hoje cidade de Castro Alves), a 14 de março de 1847, já na adolescência ele revelava uma excepcional vocação poética. Como estudante na Faculdade de Direito de Recife, para onde entrou em 1864, começou a projetar-se como uma das expressões mais altas, ousadas e originais do nosso Romantismo, colorindo-o com sua extraordinária magia verbal e seu fulgor metafórico e imagístico. Em sua poesia, a efusão lírica do poeta sensual voltado para a celebração das mulheres e das paisagens gemina-se ao astro político e oratório. O abolicionismo, as liberdades cívicas, o republicanismo e outras questões e aspirações sociais e políticas que agitavam o Segundo Reinado, em apóstrofes vertiginosas, expandiam sua capacidade de persuasão e indignação. Em 1867, Castro Alves deixou o Recife e, em companhia da atriz Eugênia Câmara – por quem se apaixona e para quem escreve o drama Gonzaga – voltou à Bahia, onde a peça teve uma acolhida consagrada. No ano seguinte, estava em São Paulo, após uma passagem pelo Rio de Janeiro também juncada de aplausos, inclusive os de José de Alencar. Matriculando-se na Faculdade de Direito de São Paulo, e vivendo num clima fervilhante de ideias revolucionárias e fecundantes interrogações estéticas, Castro Alves foi cumulado por novos reconhecimentos e entusiasmos. Torna-se cada vez mais nítido seu perfil de poeta público que, pelo caminho das declamações, sabia conquistar aplausos e cativar audiências. Mas ao lado desses sucessos (como a acolhida triunfal dispensada ao Gonzaga quando representado no Teatro de São José) foram surgindo as decepções e vicissitudes que deram aos seus últimos poemas um tom magoado e reflexivo. Sua amante Eugênia Câmara o abandonou. Durante uma caçada, sua espingarda disparou acidentalmente, atingindo-lhe o pé esquerdo, que seria amputado meses depois, no Rio de Janeiro. Em 1869, Castro Alves – o "condor ferido" a que aludiu um jornal na época – voltou à Bahia. A tuberculose, que já começava a devastá-lo, obrigou-o a uma temporada no sertão – nesse sertão baiano e brasileiro do qual ele foi o grande privilegiado cantor, atento às suas cores e rumores. Em 1870, estava em Salvador para o lançamento de Espumas Flutuantes. E foi na capital baiana que morreu, na tarde do dia 6 de julho de 1871. Pela Global Editora tem publicado O Navio Negreiro e Melhores Poemas Castro Alves (seleção e prefácio de Lêdo Ivo), além de integrar o Roteiro da Poesia Brasileira – Romantismo, com seleção e prefácio de Antonio Carlos Secchin.