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Mouros, franceses e judeus

Mouros, franceses e judeus

Sinopse

Em "Mouros, franceses e judeus", Luís da Câmara Cascudo estuda a presença destes três povos na cultura popular brasileira. Presenças persistentes através de crendices, histórias, gestos, hábitos alimentares, cujas origens se perdem na escura noite dos tempos, alguns chegados aqui quando o Brasil apenas despertava para a vida. Constantes culturais de dois, três mil anos, velhas de quinhentos anos no país e que continuam, límpidas e frescas, na vida cotidiana do povo brasileiro. Depois de séculos de presença na Península Ibérica, deixando marcas indeléveis na vida portuguesa, o mouro viajou para o Brasil na memória do colonizador, como observa Cascudo. Ninguém fala português sem empregar centenas de palavras de origem árabe: açúcar, arroz, azeitona. As mães-d'água, de canto irresistível, são parentes das mouras-encantadas. A presença árabe está em toda parte, na arquitetura, na doçaria, no pé do nordestino. A alparcata, tão popular no Nordeste, muitas vezes milenar, foi introduzida em Portugal pelo berbere. Presente no Brasil desde as primeiras expedições de reconhecimento da terra, o judeu deixou marcas de sua cultura em lendas, cerimônias religiosas, hábitos de comércio. Bem posterior, a influência francesa se tornou avassaladora a partir, sobretudo, dos séculos XVIII e XIX. Ainda hoje, os cantadores nordestinos invocam a figura de Roldão, como um herói imbatível, exemplo de coragem e honradez. "É o único motivo popular inspirado por livro impresso", ensina mestre Cascudo. O livro é a História do Imperador Carlos Magno e dos Doze Pares de França, presente em toda casa de nordestino letrado, de onde se divulgou para o povo fascinado. Roldão e sua espada durindana continuam exaltados, ainda hoje, na literatura de cordel, como se acabassem de sair de um combate. Como dizia Sainte Beuve, a antiguidade é coisa nova.

Autor

Um dos mais respeitados pesquisadores do folclore e da etnografia no Brasil, Luís da Câmara Cascudo viveu quase toda sua vida no Rio Grande do Norte. Lia muito, recebia visitas, escrevia demais. Em suas viagens fazia amigos e ouvia histórias. Trocava muita correspondência. Por ser um homem muito querido, recebia – por escrito ou ao pé do ouvido – muitas informações sobre "causos" que embalaram o sono e assustaram gerações e gerações. Professor Cascudo, como historiador que era, também pesquisou os caminhos trilhados pelo homem e seu legado nos deixou as mais preciosas informações sobre a cultura brasileira. Em 1954, lançou a sua obra mais importante como folclorista, o Dicionário do Folclore Brasileiro, obra de referência no mundo inteiro. No campo da etnografia, publicou vários livros importantes como Rede de Dormir, em 1959, e História da Alimentação no Brasil, em 1967. Publicou depois, entre outros, Geografia dos Mitos Brasileiros, com o qual recebeu o prêmio João Ribeiro da Academia Brasileira de Letras. O pesquisador trabalhou até seus últimos anos e foi agraciado com dezenas de honrarias e prêmios. Morreu aos 87 anos.