No contexto contemporâneo de crise dos fundamentos normativos da educação, a tensão entre a experiência dogmática do pensamento religioso e a multiplicidade de formas de expressá-lo se acentua, pois desde o anúncio nietzschiano da morte de Deus, no final do século XIX, os tradicionais princípios normativos do agir educacional pautados pela busca do aprimoramento moral e pela conquista da autonomia perderam legitimidade, deslocando-se do seu lugar marcado pela confiança das certezas metafísicas para outro marcado pelas incertezas e desconfianças pós-metafísicas advindas da contingência e multiplicidade do mundo da vida. É nesse cenário complexo e desafiador que o presente livro investiga possibilidades educacionais de um ensino religioso que não se feche, nem no viés da racionalidade instrumental, nem no viés dogmático tradicional, ambos portadores de experiências formativas de uma subjetividade fechada em si e para si. Tais possibilidades são demonstradas aqui a partir da investigação do pensamento religioso no interior de um diálogo hermenêutico filosófico, no intuito de equacionar a tensão entre o pensamento religioso dogmático e a multiplicidade de formas de expressá-lo, encaminhando para um ensino religioso escolar mediado por uma dinâmica que brota da experiência de um encontro dialógico intersubjetivo, gerador de um emocionar colaborativo e solidário no interior das práticas educativas.